uma breve suspeita de que sempre tive o coração mal situado, o início
e a certeza de que só tu conheces a minha geografia,
por isso,
quando te digo volta depressa, quero dizer…volta depressa!
e se não te importares: não suspendas o tempo: não obrigues os pássaros a inventar a respiração: cala as bibliotecas: põe-me em modo de espera…ainda que saibas que eu sei esperar-te, e adormece a noite gentilmente e o dia, e quando vieres traz-me muitas saudades
que quando te digo, volta depressa, quero dizer…volta depressa!...
quero dizer, não vás!
sim, em modo de espera
e sobretudo não me obrigues a inventar o sol na tua ausência, e faz-me esquecer as palavras, não quero dizer saudade, não preciso de dizer saudade, não preciso dar nomes ao que sinto
e já vou esquecendo a idade das palavras,
e restam já poucas para te dizer o que sabes que sinto,
por isso não preciso de dizer saudade, por isso digo apenas cereja, ou manhã, ou cor, ou casa, cereja, manhã, cor, casa, os teus olhos…
— diz antes: o melhor lugar do mundo
— o melhor lugar do mundo
és tu, e vou para dentro agora, deixo ficar caída a toalha, amor, vou para dentro do amor para aprender a dizer-te casa
— vai, mas antes diz: o melhor lugar do mundo
— gosto tanto de ler em ti coisas que não sabes que existem,
és tu
— e hoje o professor perguntou-me se eu estava apaixonada
— e digo: deixa-me ser o teu melhor lugar do mundo
— e hoje o professor perguntou-me se eu estava apaixonada
— e na terça-feira apeteceu-me que me pedisses para acordar contigo, por isso acho que o teu professor tem razão
agora vou para dentro do amor, amor, vem
assim ficas a saber que eu estive sempre aqui.
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