30.7.09

Poetry Rules - Xavier

Poema para i

Não te posso definir
ainda,
Só se pode definir o que tem história
dizem,
Mas posso imaginar,
Imaginar-te e construir a nossa história.

E adorar-te,
Enquanto a tua nudez interior posa para estes versos.
E penetrar-te,
E ao jardim interior onde o teu coração floresce.
Quero viver nesse éden interior
Abandonando-me ao que te habita,
Banhar-me nos seus lagos, fontes e sonhos,
E surpreender-me,
Surpreender-me
como só as crianças podem, com as estrelas, os cometas e o sol desse céu a que chamas corpo.

Morreria por te ver assim nua,
E saber que a felicidade nunca foi uma utopia.
Morreria só para poder seguir os teus passos molhados a caminho do quarto...

Até no silêncio temos em comum,
O presente, a melodia que já nos embalou, o futuro.

Tu és a água que sacia a sede da minha alma
E eu quero beber às mãos cheias.
És a fogueira, a chama lenta, onde arde o meu desejo
E os meus pensamentos mais profundos,
E eu tenho fome de ti.

Sei que és quem eu procurava,
E sei que eu não poderia procurar mais ninguém,
Se não a ti
Eternamente.

16 VII 2009

Mas isto não passa de poesia, não é?

29.7.09

The drugs Don`t Work



All this talk of getting old
It's getting me down my love
Like a cat in a bag, waiting to drown
This time I'm comin' down

And I hope you're thinking of me
As you lay down on your side
Now the drugs don't work
They just make you worse
But I know I'll see your face again

Now the drugs don't work
They just make you worse
But I know I'll see your face again

But I know I'm on a losing streak
'Cause I passed down my old street
And if you wanna show, then just let me know
And I'll sing in your ear again

Now the drugs don't work
They just make you worse
But I know I'll see your face again

'Cause baby, ooh, if heaven calls, I'm coming, too
Just like you said, you leave my life, I'm better off dead

All this talk of getting old
It's getting me down my love
Like a cat in a bag, waiting to drown
This time I'm comin' down

Now the drugs don't work
They just make you worse
But I know I'll see your face again

'Cause baby, ooh, if heaven calls, I'm coming, too
Just like you said, you leave my life, I'm better off dead

But if you wanna show, just let me know
And I'll sing in your ear again

Now the drugs don't work
They just make you worse
But I know I'll see your face again

Yeah, I know I'll see your face again
Yeah, I know I'll see your face again
Yeah, I know I'll see your face again
Yeah, I know I'll see your face again

I'm never going down, I'm never coming down
No more, no more, no more, no more, no more
I'm never coming down, I'm never going down
No more, no more, no more, no more, no more

The Verve
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Poetry Rules - Carlos Oliveira

Carta a Ângela

Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e de sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!

27.7.09

Os Felizes da Fé



Uma espécie de activismo vanguardista, com slogans do tipo:"Cavaco é sexy" (Junho de 1989 Manifestação de Apoio ao Governo); "A luta continua Guterres para a rua" (Novembro de 1995, nos primeiros dias do Governo do Engenheiro); e uma série de manifestações, por exemplo, contra o fim do mês de Agosto...

Poetry Rules - Xavier

Ao Poeta tudo se perdoa

Ao Poeta tudo se perdoa
Tudo se consente
Até que se cale para sempre.

16 VII 09

24.7.09

Poetry Rules - Gastão Cruz

METAL FUNDENTE

Gostava de explicar-te e de poder
eu próprio compreender
por que momentos houve em que perder-te
era metal fundente como o que disse um poeta
entre nós e as palavras existir

Eu seria as palavras tu os corpos
fundentes de nós dois, pela separação
futura liquefeitos
Era de cada vez como se a vida
também fundisse e o seu metal escorresse
sobre a pele da perda talvez isso
explicasse como o chumbo
da ilusão derrete e nos liberta
até desse momento em que tememos
nada mais ter

Mas como poderia
eu amar-te e achar-te já de mais
sentir estando tu tão perto ainda
a onda
da ausência contornar-me

O céu em certos dias produzia
o efeito dum espelho em que voltávamos
inversos
ao verão que tu julgaras
então igual à vida e era apenas
a infância perdida sobre o mar.

21.7.09

Festival do Silêncio - Slides (Retratos da Cidade Branca)



Onde estão os meus amigos?
Remotas memórias
Saltitam
Pululam
Cheiros / odores / miragens
O café
O sorriso
Olá como está!
E outras encenações
A novidade
A vizinha do 3º fugiu, amanhã vem no jornal

Ai..a imperial da Munique
Os destemidos tremoços
Moços, maçons
Canalha / navalha
Pensa coração
Amigos onde estais?

A sueca com minis à mistura
O relato da bola
A malha / copo de 3
A feira do relógio
O relógio da feira
Sandes de couratos / vinhos de Torres
Jogging de Marvila

Domingo
Especialmente domingo
Barbeados / dentes lavados
E martinis no plástico labrego
Alumínio / moderno / kitch / mau gosto
12 cordas / mãozinhas
Salteadores da razão perdida
Perdidos / enjaulados
Correio da manhã
O cú da vizinha do 9ºB
Regalo para a vista
Suplemento a cores com salários em atraso

E a Lisnave / petroquímica
Cancros do meu Tejo
Apodrecendo lentamente o azul das águas
E eu impotente / cinemascope / 35 milímetros de mim
A raiva afogada entre cubaslibres e pernas de mulheres
Que não são putas nem são falsas nem são nada
São pernas de mulheres e cubaslibres simplesmente

Paga-se a saudade com cartão de crédito

Táxi
Leva-me para onde está o meu amor
Táxi
Leva-me para lá de mim
Táxi
Atropela-me os sentidos e a alma para não deixar vestígios.

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20.7.09

Poetry Rules - Álvaro de Campos

Começo a conhecer-me. Não existo

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida …
Sou isso, enfim …
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

16.7.09

Estou inocente, para mal dos meus pecados...




O que me anima nestas noites longe da vida vadia...Com a devida vénia ao Mestre.

(As Bodas de Deus - João César Monteiro)

14.7.09

Poetry Rules - Neruda

Poema XIV

Brincas todos os dias com a luz do Universo.
Subtil visitadora, chegas na flor e na água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
como um cacho entre as mão todos os dias.

Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
Quem escreve o teu nome com letras de fumo entre as
estrelas do sul? Ah, deixa-me lembrar como eras então, quando ainda não
existias.

Subitamente o vento uiva e bate à minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm soprar todos os ventos, todos.
Aqui despe-se a chuva.

Passam fugindo os pássaros.
O vento. O vento.
Eu só posso lutar contra a força dos homens.
O temporal amontoa folhas escuras
e solta todos os barcos que esta noite amarraram ao céu.

Tu estás aqui. Ah tu não foges.
Tu responder-me-ás até ao último grito.
Enrola-te a meu lado como se tivesses medo.
Porém mais que uma vez correu uma sombra estranha
pelos teus olhos.

Agora, agora também pequena, trazes-me madressilva,
e tens até os seios perfumados.
Enquanto o vento triste galopa matando borboletas
eu amo-te, e a minha alegria morde a tua boca de ameixa.

O que te haverá doído acostumares-te a mim,
à minha alma selvagem e só, ao meu nome que todos
escorraçam.
Vimos arder tantas vezes a estrela d'alva beijando-nos
Os olhos
E sobre as nossas cabeças distorcem-se os crepúsculos
em leques rodopiantes.

As minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te.
Amei desde há que tempo o teu corpo de nácar moreno.
Creio-te mesmo dona do Universo.
Vou trazer-te das montanhas flores alegres, "copihues",
avelãs escuras, e cestos silvestres de beijos.

Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras.

(Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada)

8.7.09

Poetry Rules - Eugénio de Andrade

O SORRISO

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

(O OUTRO NOME DA TERRA)

5.7.09

Lisboa Não É A Cidade Perfeita - Deolinda



Ainda bem
que o tempo passou
e o amor que acabou
não saiu ...

Ainda bem
que há um fado qualquer
que diz tudo o que vida
não diz ...

Ainda bem
que Lisboa não é
a cidade perfeita
para nós ...

Ainda bem
que há um beco qualquer
que dá eco
a quem nunca tem voz...

Ainda agora vi a louca
sózinha a cantar
do alto daquela janela ...
Há noites em que a saudade
me deixa a pensar
um dia juntar-me a ela,
um dia cantar como ela ...

Ainda bem
que eu nunca fui capaz
de encontrar a viela
a seguir ...

Ainda bem
que o Tejo é lilás
e os peixes não param
de rir...

Ainda bem
que o teu corpo não quer
embarcar na tormenta
do meu ...

Ainda bem ...

Se o destino quiser
esta trágica história
sou eu.

Ainda agora via a louca ...

2.7.09

Poetry Rules - Xavier

O tempo é ausência e é só

Os dias vão passando,
Sem mais.
O relógio não dá as horas,
Não tem já alma.
O tempo é sempre o mesmo,
E um só,
Este.
E é ausência, peso, nem sei se dor.
Não há passado
Há ausentes.
E o futuro
É já pó.

4 VI 2009