30.8.09

I´ll Rise - Ben Harper



You may write me down in history
With your bitter twisted lies
You may trod me down in the very dirt
And still like the dust I'll rise
Does my happiness upset you
Why are you best with gloom
Cause I laugh like I've got an oil well
Pumpin' in my living room

So you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise

Now did you want to see me broken
Bowed head and lowered eyes
Shoulders fallen down like tear drops
Weakened by my soulful cries

Does my confidence upset you
Don't you take it awful hard
Cause I walk like I've got a diamond mine
Breakin up in my front yard

So you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise

So you may write me down in history
With your bitter twisted lies
You may trod me down in the very dirt
And still like the dust I'll rise

Does my happiness upset you
Why are you best with gloom
Cause I laugh like I've got a goldmine
Diggin' up in my living room

Now you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise

Live Montréal 1996

28.8.09

Poetry Rules - Xavier

o gesto que não é só um gesto, é tudo. o papel amarelecido que é o tempo e revela mais do que o que verdadeiramente existe. as palavras que vivem, mas servem de pouco, porque não tocam e assim caem insignificantes. a dor que é uma constante, tão linear e solitária, quase humana. e o amor ou aquela fracção, aquele momento preso, pendente, talvez entre as memórias de um passado que não se recusa totalmente, mas que também não se quer. e o sorriso boreal, a aurora, a iluminar a noite ao pé da escada, janela para a alma. e nova iorque, nova iorque aqui tão perto...

10 VIII 2009

25.8.09

Come to me - Koop



baby
I've been waiting for you
don't run away now
you've got nothing to lose
maybe
I feel so alone
and I need someone
to call my own

'cause my love has just left me
and I need someone new
who can tell me forever
and my eyes are on you

oh baby
oh baby
oh baby

come to me


From the album Koop Islands

24.8.09

Poetry Rules - João Cabral de Melo Neto

Homenagem a Picasso

O esquadro disfarça o eclipse
que os homens não querem ver.
Não há música aparentemente
nos violinos fechados.
Apenas os recortes dos jornais diários
acenam para mim como o juízo final.

(Pedra de Sono)

21.8.09

Senhora minha muito amada - Pablo Nerruda

A Matilde Urrutia

Senhora minha muito amada, grande foi o meu sofrimento ao escrever estes mal chamados sonetos, que bastantes dores me causaram, mas a alegria de tos oferecer é maior que um pranto. Ao decidir-me a escrevê-los, bem sabia que ao lado de cada um, por afeição, escolha e elegância, os poetas de todas as épocas colocaram rimas que soaram como joalharia, cristal ou tiro de canhão. Eu, com muita humildade, fiz estes sonetos de madeira, dei-lhes o som desta opaca e pura substância e assim devem chegar aos teus ouvidos. Caminhando por bosques e areais, por lagos perdidos, por cinzentas latitudes, tu e eu recolhemos fragmentos de pau duro, de lenhos submetidos ao vaivém da água e da intempérie. De tais suavizadíssimos vestígios construí, com machado, faca, navalha, estas estâncias de amor e edifiquei pequenas casas de catorze tábuas para que nelas vivam teus olhos que adoro e canto. Assim estabelecidas as minhas razões de amor, entrego-te esta centúria: sonetos de madeira que só existem porque tu lhes deste vida.

Outubro de 1959
(Oferecendo-lhe o seu Cem Sonetos de Amor)

18.8.09

Retratos - A manhã seguinte

E o esquecimento, donde vem? e a escova de dentes que não é minha e assalta a minha mão, e outra vez aquela pergunta em frente ao espelho que se vai cristalizando em imagens mais ao menos desorganizadas, e o álcool a escapar-se-me pelos poros e a cada respiração, e ainda assim não o suficiente, como tudo me tem escapado um pouco na vida, e aquela voz estranha, que não vem de dentro de mim mas de algo mais profundo, é real e vem do quarto ao lado, e o telemóvel que toca e naquele momento tudo soa a estranho, como se tudo fosse um sonho e o sonho não pudesse ser a vida, é o despertador dizes, e a cabeça a explodir em constantes assomos de culpa, ai os excessos ouço-te, e não te quero ainda, que seria de mim sem os excessos, e a culpa a adensar-se num abraço, estranho também, mas quente, e naquele momento podia sentir a tua alma, e não era um abraço já, mais um beijo, ou uma linguagem secreta, talvez aquele filme, e não me lembro do nome ainda, que me fez esconder as lágrimas, que eram também para ti, que não és a mesma. E ainda assim olho-me, mas vejo-me desabitado, nem vazio, mas tu pareces gostar tanto de mim assim que quase acredito que é possível gostar-se de alguém assim, só me queres preencher, deve ser por te querer preencher dizes antes de eu o ter dito, e não vou fazer nada hoje, está decidido, esta ressaca pesa tanto como a vida, ou mais, mas doí menos, estes espasmos de dor a lembrarem que também a felicidade é etérea, como este verão, ou como eu em frente à porta aberta da casa-de-banho, a ver-te sair posta nessas cuequinhas, e só a pensar que tu talvez pudesses ser outra, ou pelo menos que eu poderia ser outro, e tu a dizeres que não, que não podia ser diferente, como se me tivesses ouvido, porque há essa coisa a que ousam chamar destino, esse deus castigador, um deus das pequenas coisas, não sejas parvinho dizes, já com o vestidinho que apanhaste aos pés da cama, onde fez amor a noite inteira, vais ficar o dia todo na cama? e a noite, se não o puder evitar, e na verdade a manhã seguinte custa-me tanto que abdicaria da vida para ficar para aí deitado, e para evitar esta conversa, e esta manhã, e sabes que sei que sabes, merda isto soa a uma canção qualquer, ou talvez não, que gosto de dormir sozinho, tens medo que os sonhos se misturem? não com a vida, mas o meu com o teu, mas não quando estou assim tão frágil, ressacado queres dizer, e não houve risos, não quando preciso que me deites com as tuas palavras doces, como se aconchega um filho, por isso este beijo da manhã, seguido das tuas queixas ao álcool que ainda aquece o meu hálito e o meu viver.

18 VIII 2009

Por Xavier Carlos

17.8.09

Poetry Rules - José Luís Peixoto

quando os nossos corpos se separaram

quando os nossos corpos se separaram olhámo-nos quase a desejar ser felizes.
vesti-me devagar, o corpo a ser ridículo. disse espero que encontres um homem
que te ame, e ambos baixámos o olhar por sabermos que esse homem não existe.
despedimo-nos.tu ficaste para sempre deitada e nua. eu saí para sempre
na noite.olhamo-nos pela última vez e despedimo-nos sem sequer nos conhecermos.

( A criança em ruínas )

12.8.09

Oh Captain, my Captain...


"A poesia, se não for o lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos, é a mais fútil das ocupações."

11.8.09

Meu amor querido - Lobo Antunes

Carta de António Lobo Antunes a Maria José Lobo Antunes
7.4.1971

Meu amor querido

Adoro-te minha gata de Janeiro meu amor minha gazela meu miosótis minha estrela aldebaran minha amante minha Via Láctea minha filha minha mãe minha esposa minha margarida meu gerânio minha princesa aristocrática minha preta minha branca minha chinezinha minha Pauline Bonaparte minha história de fadas minha Ariana minha heroína de Racine minha ternura meu gosto de luar meu Paris minha fita de cor meu vício secreto minha torre de andorinhas três horas da manhã minha melancolia minha polpa de fruto meu diamante meu sol meu copo de água minhas escadinhas da Saudade minha morfina ópio cocaína minha ferida aberta minha extensão polar minha floresta meu fogo minha única alegria minha América e meu Brasil minha vela acesa minha candeia minha casa meu lugar habitável minha mesa posta minha toalha de linho minha cobra minha figura de andor meu anjo de Boticelli meu mar meu feriado meu domingo de Ramos meu Setembro de vindimas meu moinho no monte meu vento norte meu sábado à noite meu diário minha história de quadradinhos meu recife de Manuel Bandeira minha Pasargada meu templo grego minha colina meu verso de Höderlin meu gerânio meus olhos grandes de noite minha linda boca macia dupla como uma concha fechada meus seios suaves e carnudos meu enxuto ventre liso minhas pernas nervosas minhas unhas polidas meu longo pescoço vivo e ágil minhas palavras segredadas meu vaso etrusco minha sala de castelo espelhada meu jardim minha excitação de risos minha doce forquilha de coxas minha eterna adolescente minha pedra brunida meu pássaro no mais alto ramo da tarde meu voo de asas minha ânfora meu pão de ló minha estrada minha praia de Agosto minha luz caiada meu muro meu soluço de fonte meu lago minha Penélope meu jovem rio selvagem meu crepúsculo minha aurora entre ruínas minha Grécia minha maré cheia minha muralha contra as ondas meu véu de noiva minha cintura meu pequenino queixo zangado minha transparência de tules minha taça de oiro minha Ofélia meu lírio meu perfume de terra meu corpo gémeo meu navio de partir minha cidade meus dentes ferozmente brancos minhas mãos sombrias minha torre de Belém meu Nilo meu Ganges meu templo hindu minha areia entre os dedos minha aurora minha harpa meu arbusto de sons meu país minha ilha minha porta para o mar meu manjerico meu cravo de papel minha Madragoa minha morte de amor minha Ana Karénine minha lâmpada de Aladino minha mulher.

(in: D'este viver aqui neste papel descripto - cartas da guerra; António Lobo Antunes, D. Quixote)

10.8.09

Poetry Rules - Sophia de Mello Breyner

Promessa

És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.

4.8.09

Eu já não sei se sei o que é sentir



Fácil de entender - The Gift

Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Talvez por saber o que não será melhor, Aproximei
Meu corpo é o teu corpo o desejo entregue a nós
Sei lá eu o que queres dizer, Despedir-me de ti
Adeus um dia voltarei a ser feliz

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei, o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor, Imaginei
Triste é o virar de costas, o último adeus
Sabe Deus o que quero dizer

Obrigado por saberes cuidar de mim,
Tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou,
e se ao menos tudo fosse igual a ti

[2x]
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

É o amor, que chega ao fim, um final assim,
assim é mais fácil de entender

[2x]
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir, se por falar falei
Pensei que se falasse era mais fácil de entender
"Every poem is an epitaph"
Eliot

3.8.09

I sing of you in my demented songs - Crowds, Bauhaus



What do you want of me
What do you long from me
A slim Pixie, thin and forlorn
A count, white and drawn
What do you make of me
What can you take from me
Pallid landscapes off my frown
Let me rip you up and down

For you I came to forsake
Lay wide despise and hate
I sing of you in my demented songs
For you and your stimulations
Take what you can of me
Rip what you can off me
And this I'll say to you
And hope that it gets through

You worthless bitch
You fickle shit
You would spit on me
You would make me spit
And when the Judas hour arrives
And like the Jesus Jews you epitomize
I'll still be here as strong as you
And I'll walk away in spite of you

And I'll walk away
Walk away