3.4.09

Poetry Rules ou Activismo Poético - Pessoa



Caeiro

Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E agora e antes d`isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princicio e tem um fim,
E que antes e depois d`isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.

Fernando Pessoa
[Poema inédito, atribuído ao heterónimo Alberto Caeiro, transcrito por Jerónimo Pizarro]