Soneto quase mudo
Há o silêncio, às vezes, entre nós,
e é um silêncio denso, ou uma fala
críptica, uma linguagem que abdica
do som, para ser só a voz da alma…
Há súbitas catarses de palavras
em torrentes, cachoeiras de espuma
efervescente, ou talvez a timidez
dos gestos reprimidos ou represos.
Há os olhos que dizem sem dizer,
há o fluido subtil de quem se entende
mais longe do que a vida nos permite.
E há a confiança, na ausência,
há segredos sabidos sem saber,
manhãs comuns em cada amanhecer.
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