22.10.09

Poetry Rules - Mia Couto

POEMA DA DESPEDIDA

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

2 comentários:

Unknown disse...

Não há melhor modo de escrever, para mim, que o modo simples. Não é preciso pensar em palavras complicadas, figuradas, com duplo sentido... É a forma mais simples de dizer as coisas a mais verdadeira e aquela que mais nos toca. E Mia Couto é isto.

Carlos Soares disse...

Tens sem dúvida razão, a simplicidade...também eu acho que sentir é a melhor forma de escrever, e sentir é tentar pôr a vida toda em cada verso, em cada palavra...