6.10.10

e como se escreve o amor?

e as coisas têm que ser vividas quando têm de ser vividas

12:37

e como se escreve o amor?

que se tem e não se tem, e podia escrever aqui o teu nome sem saber e

as coisas têm que ser vividas quando têm de ser vividas,

mais o divino labirinto das causas e dos efeitos Borges e tu não devias ter entrado aqui tão depressa,

e as causas de efeito nenhum,

que a vida perfeita chega-nos de tantas maneiras mas quase sempre ao entardecer, e não há razão,

12:37,

e qual é o efeito?

e como se escreve o nome da tua rua que trago na ponta da língua que falamos nos dedos?

— Toca-me!

oferece-me a magia que a noite não sabe ter

— Toma lá a chave!

e como se diz o que não se diz? e ficará dito?

— Canta-me aquela canção que só é perfeita no teu tom desafinado!

e como se escreve o destino e se diz eu tu nós? como se escreve o destino e se diz eutunós?

e sei que não há passado…tudo tem que ser vivido quando têm de ser vivido, não há passado e não ausentes, nem memória, só tu

e como se escreve o que se sente mesmo sabendo que é real? e como se diz?

resta já tão pouca vida em Paris,

12:37,

resta já tão pouco do nosso viver em Paris Adelaide Nairobi Deli,

será que já alguém to disse?

resta já tão pouca Paris Adelaide Nairobi Deli,

e apeteceu-me escrever aqui o teu nome, era-me fácil, mais fácil do que

menti-te!

menti-te

em relação à 5.ª dimensão, 12:37,

é diferente a relação espaço-tempo que se estabelece no meu coração, não obedece a leis, e eu também converso com anjos nas ruas de Londres, 12:37, Swedenborg, e escrevi Swedenborg para não escrever o teu nome e tu sabes

— Será que amanhã ainda me vais amar?

— Não me lembro

é como se escreve o tempo que faz no meu coração,

mas ontem estive parado em frente ao teu mar, eram precisamente 12:37, sei-o porque pensei em ti, ontem estive parado em frente ao teu mar,

tantas coisas que continuam a ser só tuas,

12:37, e pensei em ti

12:37, sei-o porque todos os dias às 12:37 não tenho outro lugar para estar,

Casablanca,

11:37 em frente ao teu mar,

Lhasa,

19:37 e não tenho outro lugar para estar

Buenos Aires,

06:37 não há outro lugar

— Claro que posso repetir Buenos Aires,

e Borges abre a porta da Biblioteca Nacional e faz-me entrar no poema, não para falar com anjos nas ruas de Londres, 06:37, e Borges abre-me a porta da Biblioteca Nacional e faz-me entrar no poema para me colocar onde sempre estou parado e não fico

quando entro na voz de Chico, e sei que na fotografia estamos felizes, Rio de Janeiro e não sei que horas são precisamente, e me perco no interior da minha saudade enquanto te espero como nunca, como amanhã

e somos tão pequeninos outra vez e sabemos tudo e tudo por acontecer

2 comentários:

Marco Figueiredo disse...

continuas a surpreender-me!!

Carlos Soares disse...

o teu carinho incondicional é que é surpreendente...sem ser uma surpresa!